Wednesday, July 18, 2007

ex-house. (leaving) old house. (look for) new house
im still in love for an homeless house or i just lost my shoes?

Por várias razões, algumas lógicas outras demasiado absurdas sequer para serem referidas, vamos sair da casa. Decisão difícil, porque esta oportunidade de poder habitar um edifício dessa dimensão, em plena ribeira, era única e provavelmente irrepetível. Talvez não. Entre as festas, as exposições, as experiências, as intervenções, esta casa quis ser sempre algo mais, que juntasse arquitectura e música, artes plásticas e a possibilidade de viver na baixa-ribeira.

Utilizar este edifício, como se utilizasse a cidade, contemplando, deambulando, intervindo, reutilizando. Contemplar o tempo, como um infinito substrato de coisas que se agarram às paredes, ao chão, ao tecto. Deambulando por corredores vazios, como se fossem ruas, salas como praças. Intervir, reutilizar, agir sobre esses espaços, dotar-lhes de novos usos, novas operações, novos habitats, sem destruir, sem aniquilar aquilo que lhe dá significado. Essa imersão infinita no tempo, na memória, na cidade.

E agora, que digo adeus, cada vez penso mais que este edifício é esta cidade. Com os seus corredores vazios, com as suas salas abandonadas, que nós reconvertemos, que enchemos de gente, de música, de fotografias e serigrafias penduradas nessas paredes poeirentas. Candeeiros, vestidos suspendidos pelas escadas, o desejo de percorrer a correr essas caixa de escada e sair voando pela claraboia. Mas nós, eu sou apenas eu.

Há senhorios que deixam morrer a cidade. Os corredores vão voltar a estar vazios, as salas de portadas fechadas. Porque há pessoas que preferem ter e deixar morrer a permitir que outros usem, tenham ideias, façam, concretizem. Há demasiados preconceitos, conservadorismos, há demasiado dinheiro onde não deveria haver, e pessoas erradas com dinheiro errado. E enquanto, não se criar oPORTOnidades, para que seja essa camada activa da população a intervir sobre a cidade, designers, arquitectos, artistas, musicos, investigadores. A cidade fechar-se-à ainda mais, tal como esta casa.

Fecho as portadas, e tranco a porta, mas apetece-me deixar as luzes todas acesas, as janelas todas abertas e dizer: entrem, ocupem esta casa, ocupem esta cidade. É vossa...

plb

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